«…apesar da escassez vocacional, hoje temos noção mais clara da necessidade de uma melhor seleção dos candidatos ao sacerdócio. Não se pode encher os seminários com qualquer tipo de motivações, e menos ainda se estas estão relacionadas com insegurança afetiva, busca de formas de poder, glória humana ou bem-estar econômico». (Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 107) Entre os dias 27-29 de maio na casa Medalha Milagrosa das Filhas da Caridade em Curitiba-PR aconteceu mais um Encontro de Formadores/as da CRB (Conferência dos Religiosos/as do Brasil) para refletir sobre algumas temáticas relacionadas com a Formação Inicial. Participamos 63 religiosos/as. Os dois primeiros dias foram dedicados a tratar o tema: “Como ajudar os jovens na dimensão da afetividade e sexualidade na prática do acompanhamento na formação para a Vida Consagrada”, sendo assessorado pelo padre Adalto Chitolina, SCJ, que com sua longa experiência e sabedoria muito nos ajudou a esclarecer alguns aspectos desse tema complexo e polémico, mas sempre necessário e desafiante. Tivemos palestras, partilhas e debates. Não há receitas prontas para tratar cada um dos problemas e desafios apresentados, mas é importante que os formadores estejam capacitados adequadamente para desempenhar esta tarefa de uma maneira eficaz. A afetividade e sexualidade são dimensões fundamentais, inerentes, próprias do ser humano e se na vida do seminarista/consagrado não for trabalhada bem, pode se tornar um problema e fonte de muito sofrimento para o próprio sujeito e muitas vezes também para os que convivem com ele. Verificou-se, pelo testemunho dos formadores/as, que não são poucos os problemas relacionados com a afetividade e sexualidade, mesmo que não poucas vezes estas problemáticas sejam camufladas de diversas maneiras e não identificadas e trabalhadas no momento oportuno. Constatou-se e dialogamos sobre diversas dificuldades e desvios na dimensão da afetividade e sexualidade e percebemos que nem sempre os formadores estão preparados suficientemente para trabalhar de uma maneira conveniente esta dimensão afetiva e sexual. Diante da realidade percebida são muitos os desafios, mas há um consenso: hoje necessitamos de um processo seletivo mais sério e qualificado e de um acompanhamento formativo apropriado que dê conta de todas essas demandas e consiga de fato ajudar os seminaristas no seu processo de crescimento. O terceiro e último dia foi trabalhado o tema: “A influência que os diversos modelos eclesiológicos exercem sobre os candidatos, vocacionados e seminaristas hoje”. O Pe. carmelita, Claudemir Rozim, foi encarregado de assessorar este assunto e muito nos ajudou a tomar consciência que por detrás de qualquer prática vocacional, formativa, etc. há um modelo eclesiológico. Apresentou diversos modelos de Igreja, com as suas influências positivas e negativas. Também a Vida Consagrada e cada família religiosa acentuam ou dão ênfase a um modelo eclesiológico em detrimento dos outros. Há necessidade de clarificar essa temática e saber qual é o modelo que cada congregação assume e verificar como podemos enfrentar e harmonizar os modelos eclesiológicos com a proposta da Vida Consagrada e com a concretização do carisma específico da cada família religiosa. Foi muito proveitoso as partilhas e celebrações, percebendo a riqueza da Vida Religiosa em nossa Igreja. Como anedota singular, participaram desse encontro um formador agostiniano, Frei Luiz (OSA), um agostiniano descalço, Frei Darci (OAD) e um agostiniano recoleto, Frei José Lorenzo (OAR). Curitiba, 29 de maio de 2014 |